- WSL / Daniel Smorigo

A catarinense Laura Raupp e o surfista de Búzios (RJ), Sunny Pires, venceram a quarta etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024 em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Nas condições desafiadoras de ondas grandes e pesadas na Praia de Maresias, Laura se tornou a recordista com quatro vitórias em etapas do Circuito Banco do Brasil, na segunda final seguida com a peruana Daniella Rosas. Já Sunny Pires festejou seu primeiro título em eventos do World Surf League (WSL) Qualifying Series (QS), na final com o paraibano José Francisco. O local da quinta e última etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024 ainda será anunciado e deve acontecer em novembro.

Com a mudança da data do encerramento, os convites para o Challenger Series de Saquarema, oferecidos aos campeões dos rankings especiais das etapas do Circuito Banco do Brasil de Surfe, foram definidos agora em São Sebastião. José Francisco, conhecido por Fininho, ganharia o convite se vencesse a final na Praia de Maresias. Como não conseguiu, o argentino Nacho Gundesen, barrado na semifinal por Sunny Pires, se manteve como novo líder do ranking e vai participar do Corona Saquarema Pro apresentado por Banco do Brasil, que fechará o Challenger Series 2024 de 12 a 20 de outubro na Praia de Itaúna.

"Eu acho bem legal isso, acho. Acho que é merecido terganha esta vaga (convite) que a WSL teria, para alguém que vem disputando todos os campeonatos praticamente do Circuito Banco do Brasil de Surfe", destacou Nacho Gundesen. "O Banco do Brasil está fazendo a sua parte, realizando um monte de campeonatos esse ano, que deixa a gente no ritmo de competição e se preparando para o Challenger Series, que é o objetivo de todos. Então agora vamos nós pro Challenger de Saquarema".

Nacho Gundesen Nacho Gundesen é o novo líder do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024 - WSL / Daniel Smorigo

O convite feminino já estava confirmado para a carioca Julia Duarte no sábado. Ela é a terceira colocada no ranking das 4 etapas do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024. Como a líder, Laura Raupp, e a vice-líder, Daniella Rosas, já fazem parte do grupo que disputa o Challenger Series esse ano, Julia Duarte ficou com a vaga para reforçar o time sul-americano em Saquarema. A jovem catarinense Laura Raupp agora se isolou como recordista de vitórias em etapas do Circuito Banco do Brasil de Surfe. Ela ganhou a primeira em 2023 em Garopaba (SC) e foi finalista nas quatro deste ano, vencendo as primeiras em Torres (RS) e Saquarema (RJ), com Daniella Rosas quebrando a sua invencibilidade na terceira em Marechal Deodoro (AL).

No domingo de condições difíceis, com chuva, frio, ondas grandes, mar mexido e correnteza forte na Praia de Maresias, Laura já passou um sufoco no primeiro duelo do dia, pelas quartas de final. Ela derrotou a jovem ubatubense de apenas 14 anos de idade, Maeva Guastala, depois passou pela argentina Vera Jarisz, vice-campeã na final contra a peruana Arena Rodriguez Vargas em São Sebastião no ano passado. Na decisão do título, fez uma boa escolha de ondas para derrotar Daniella Rosas por 7,27 a 4,80 pontos. Laura também se mantém na frente do ranking regional da WSL South America, que decide os títulos sul-americanos e classifica 7 homens e 3 mulheres para o Challenger Series 2023.

Laura Raupp Laura Raupp em todas as finais do Circuito Banco do Brasil de Surfe esse ano - WSL / Daniel Smorigo

"Foi um campeonato irado, que teve altas ondas, mar bem difícil e estou superfeliz por ter conseguido me encontrar nesse mar hoje", disse Laura Raupp. "Tem muita correnteza, então tá quase impossível de entrar na onda, mas consegui fazer duas ondas ali pra vencer. Remei muito ali na arrebentação, meu braço já tava queimando, mas deu tudo certo graças a Deus e estou feliz de levar mais esse título pra casa. Estou feliz com minha constância esse ano e vou em busca do título de campeã sul-americana agora. Obrigado a todo mundo que estava na torcida, esse é só o começo e vamos com tudo".

RECORDE DE VITÓRIAS - Esta vitória da Laura Raupp, foi a quarta da sua carreira no Circuito Banco do Brasil de Surfe e a oitava em etapas do Qualifying Series (QS). A catarinense de apenas 18 anos, é agora a quarta brasileira a ganhar mais etapas do QS desde 1992, quando foi criado o circuito de acesso para a elite do surfe mundial. Laura Raupp com 8 vitórias, só fica abaixo da Tita Tavares (CE) com 9, Jacqueline Silva (SC) com 10 e a recordista mundial Silvana Lima, que venceu 19 etapas do QS. Com o vice-campeonato em Maresias, a tricampeã sul-americana da World Surf League, Daniella Rosas, tirou a vice-liderança do ranking da WSL South America, da também peruana Arena Rodriguez Vargas.

Daniella Rosas Daniella Rosas assumiu a vice-liderança no ranking da WSL South America - WSL / Daniel Smorigo

"Obrigado a todos que fizeram esse campeonato acontecer e estou muito feliz. No ano passado, perdi de cara aqui, então acho que fiz uma revanche com Maresias agora e bora pra próxima", disse Daniella Rosas, no pódio dos finalistas em São Sebastião, protegido da chuva incessante no domingo. "A Laurinha quebrou muito o evento todo e fico feliz de fazer outra final com ela. Eu acho que o nível das surfistas aqui do Brasil está sempre evoluindo e estou feliz de estar aqui representando meu país em mais um evento".

CONVITE PRA SAQUAREMA - Na competição masculina, dos 16 surfistas classificados no sábado, para disputar vagas para as quartas de final, 5 tinham chances de tirar a liderança do ranking do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024 do Matheus Navarro e ganhar o convite para o Challenger Series de Saquarema. O vice-líder, Nacho Gundesen, barrou os favoritos Miguel Pupo e Mateus Herdy, para passar em segundo na primeira bateria, vencida por Sunny Pires. A classificação do argentino já tirou dois da briga, Vitor Ferreira e Rickson Falcão, que também chegaram nas quartas de final.

O bicampeão brasileiro Krystian Kymerson ainda tinha chances, mas saiu contundido do mar na segunda bateria e os paulistas Eduardo Motta e Ryan Kainalo avançaram. Já o paraibano José Francisco, o Fininho que há muitos anos mora em Florianópolis, passou junto com Vitor Ferreira na terceira bateria e seguia vivo na disputa. Nacho Gundesen depois derrotou Eduardo Motta nas quartas de final e confirmaria a liderança se vencesse Sunny Pires nas semifinais. Só que isso não aconteceu e ficou na expectativa do resultado final. José Francisco assumiria a ponta se vencesse o campeonato, pois usou os aéreos de novo para derrotar Vitor Ferreira na outra semifinal

José Francisco José Francisco usou os aéreos para chegar nas sua segunda final seguida - WSL / Daniel Smorigo

DECISÃO DO TÍTULO - A final masculina começou com Sunny Pires surfando a primeira onda de backside, para largar na frente com 4,83. Fininho já arriscou o aéreo de frontside em outra esquerda, mas sem completar a aterrissagem. Sunny pega uma direita, ataca forte com de frontside e soma 4,60. José Francisco precisava de 8,46 quando restavam 10 minutos e pegou uma direita que abre mais, para ele usar seu surfe de borda e conseguir 5,77. Fininho passou a precisar de 3,66 pra vencer, mas Sunny Pires pega outra direita boa, arrisca as manobras no crítico da onda e recebe 6,07. José Francisco tinha então que conseguir 5,14 e até acerta um aéreo, mas era baixo e só valeu 4,27.

"Maresias é incrível né, muita onda, gente boa, gente bonita, muita vibe", disse José Francisco no pódio. "Eu passei muita coisa nessa vida e estar aqui é realmente muito emocionante. Estou sendo bem constante esse ano e minha hora está chegando. Eu quero representar o Brasil, representar minha cor, a raça negra, quero ver mais pretos nesse esporte, ver mais crianças negras surfando. Se eu for uma inspiração pra essas pessoas, para mim já é uma grande vitória. Essa é a missão, é meu objetivo, inspirar crianças negras que acham que não é possível estar nesse esporte, mas estou aqui mostrando a vocês que é possível sim".

José Francisco and Sunny Pires José Francisco com o campeão, Sunny Pires, no pódio em São Sebastião - WSL / Daniel Smorigo

Esta foi a segunda final seguida do Circuito Banco do Brasil de Surfe entre dois surfistas da raça negra. Em Alagoas, o ex-top da elite mundial da World Surf League, Michael Rodrigues, cearense que também mora em Florianópolis (SC), derrotou o mesmo José Francisco na decisão na Praia do Francês, em Marechal Deodoro. Em São Sebastião, Fininho terminou como vice-campeão novamente contra um jovem talento de Búzios. Sunny Pires chegou em sua primeira final na WSL em Maresias, onde morou por 2 anos, participando do projeto do extinto Instituto Medina de preparação de atletas.

"Estou superfeliz, fiquei 2 anos morando no Instituto (Medina) e a última vez que eu ganhei um campeonato foi aqui no Hang Loose (para categorias de base). Agora ganhando um QS aqui também, estou superfeliz", disse o jovem Sunny Pires, de apenas 19 anos de idade. "Eu quero agradecer a Deus, a meus pais que estão sempre me apoiando e meus patrocinadores, que me fizeram estar aqui. Eu fiquei no ano passado terminando a escola, então estou voltando as competições esse ano e começando da melhor forma. Estou superfeliz por ter ganhado esse evento e só tenho que agradecer a Deus".

Sunny Pires Sunny Pires ganhou seu primeiro QS na praia onde morou por 2 anos - WSL / Daniel Smorigo

O campeão Sunny Pires só havia participado da segunda etapa em Saquarema (RJ) e saltou da 126.a para a 13.a posição no ranking do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024. O surfista de Búzios também marcou 1.000 pontos no ranking regional da WSL South America e subiu do 73.o para o 35.o lugar. Com os 800 pontos do vice-campeonato, José Francisco assumiu a vice-liderança no ranking do Circuito Banco do Brasil de Surfe, que agora tem o argentino Nacho Gundesen em primeiro lugar. Além disso, Fininho subiu da 5.a para a 3.a colocação no ranking da WSL South America, que classifica 7 homens e 3 mulheres para o Challenger Series. Ele só está abaixo do líder Lucas Vicente e do argentino Franco Radziunas.

"Fã e Apoiador do Surfe Brasileiro" é o slogan do Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024, que promove 5 etapas do Qualifying Series esse ano, valendo pontos para o ranking regional da WSL South America. A primeira aconteceu em Torres (RS), a segunda em Saquarema (RJ), a terceira em Marechal Deodoro (AL) e a quarta foi encerrada neste domingo na Praia de Maresias, em São Sebastião (SP). O local da quinta e última ainda será anunciada para fechar o Circuito Banco do Brasil de Surfe 2024.

Circuito Banco do Brasil de Surf - São Sebastião Daniella Rosas, José Francisco, Sunny Pires e Laura Raupp - WSL / Daniel Smorigo

RANKINGS DO CIRCUITO BANCO DO BRASIL DE SURFE - 4 etapas:

TOP-5 DO RANKING FEMININO:
1.a: Laura Raupp (SC) - 3.800 pontos
2.a: Daniella Rosas (PER) - 2.800
3.a: Julia Duarte (RJ) - 2.150
4.a: Vera Jarisz (ARG) - 1.500
5.a: Arena Rodriguez Vargas (PER) - 1.450

TOP-5 DO RANKING MASCULINO:
1.o: Nacho Gundesen (ARG) - 1.866 pontos
2.o: José Francisco (PB) - 1.800
3.o: Matheus Navarro (SC) - 1.561
4.o: Peterson Crisanto (PR) - 1.350
5.o: Vitor Ferreira (RJ) - 1.300

RANKINGS DO QS 2024/2025 DA WSL SOUTH AMERICA: (classificam 7 homens e 3 mulheres para o Challenger Series 2025)

TOP-10 DO RANKING MASCULINO - 5 etapas:
1.o: Lucas Vicente (BRA) - 5.616 pontos
2.o: Franco Radziunas (ARG) - 4.590
3.o: José Francisco (BRA) - 4.440
4.o: Peterson Crisanto (BRA) - 3.895
5.o: Igor Moraes (BRA) - 3.742
6.o: Kaue Germano (BRA) - 3.508
7.o: Nacho Gundesen (ARG) - 3.475
8.o: Rickson Falcão (BRA) - 3.182
9.o: Edgard Groggia (BRA) - 3.078
10.o: Cauã Costa (BRA) - 3.073

TOP-10 DO RANKING FEMININO - 5 etapas:
1.a: Laura Raupp (BRA) - 9.340 pontos
2.a: Daniella Rosas (PER) - 6.732
3.a: Arena Rodriguez Vargas (PER) - 6.725
4.a: Julia Duarte (BRA) - 5.465
5.a: Vera Jarisz (ARG) - 4.822
6.a: Juliana dos Santos (BRA) - 3.928
7.a Silvana Lima (BRA) - 3.578
8.a: Sol Aguirre (PER) - 3.400
9.a: Alexia Monteiro (BRA) - 3.220
10.a: Kiany Hyakutake (BRA) - 3.143

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